top of page

FESTIVAL FILMES INCRÍVEIS

Gente! Entre 1 a 14 de Agosto vai acontecer em SP o Festival Filmes Incríveis na sala REAG Belas Artes (ali na Consolação). Esse festival trará produções de 20 países. E se eu fosse vocês eu não perderia!

Hoje deixaremos uma recomendação de um dos filmes desse festival que vale super a pena assistir. O nome do filme é Café Teerã, vejam a resenha abaixo:


Café Teerã

Arte como Resistência



No filme "Café Teerã" (2023), dirigido por Navid Mihandoust, acompanhamos a história de Sohrab, um cineasta impedido de exercer sua arte sob um regime ditatorial no Irã. Forçado a abandonar sua verdadeira paixão, Sohrab leva uma vida aparentemente tranquila administrando um café. No entanto, a chegada de Berke, uma atriz que busca sua ajuda para realizar uma performance no café, transforma completamente sua rotina.


Na performance, Berke se tranca em uma gaiola e exibe uma placa pedindo "Ajuda para sair daqui". O público, tocado pela cena, deseja ajudá-la. Berke entrega aos clientes um bilhete com um endereço onde poderiam encontrar a chave para libertá-la, mas nenhum deles se arrisca a ir. No entanto, é o próprio Sohrab quem eventualmente a "liberta", utilizando uma chave escondida no tênis da atriz.


Essa performance cria um vínculo inesperado entre Sohrab e Berke, gerando ciúmes em sua esposa, Mahgol. Ao longo do filme, Sohrab é constantemente interrogado pela polícia, que tenta impedir que ele faça mais filmes "subversivos". De maneira inovadora, essas cenas são apresentadas como se Sohrab estivesse se dirigindo diretamente ao espectador, enquanto a voz do policial é ouvida apenas em off, criando a sensação de que nós, espectadores, somos os juízes de sua obra.


O interessante é que esse filme é auto referencial, uma vez que o próprio Mihandoust, o diretor do filme, encontra-se preso no Irã. Sua detenção está ligada à produção de um documentário sobre a jornalista e ativista dos direitos das mulheres Masih Alinejad. Essa realidade dá uma nova dimensão à narrativa do filme, destacando como a arte é frequentemente uma das primeiras vítimas em sociedades sob regimes autoritários.


Navid Mihandoust, atualmente, está na prisão de Evin, em Teerã, condenado pelo governo a três anos de reclusão com acusações injustas resultantes de um documentário que ele realizou em 2009, centrado na vida profissional de Masih Alinejad (uma jornalista iraniana e ativista dos direitos das mulheres), uma obra que nunca foi lançada.


Apesar do tema sério, "Café Teerã" se destaca por sua leveza e pela profundidade de suas reflexões, tanto no conteúdo quanto na forma como as cenas são apresentadas. É uma obra que, ao mesmo tempo em que entretém, convida o público a ponderar sobre a liberdade de expressão e o papel da arte em tempos de opressão.


Comentários


bottom of page